Doença de Chagas: como é transmitida, como deve ser tratada e o que fazer para evitar

América Latina é campeã em casos anuais de doença de Chagas – Foto: José Felipe Batista/Comunicação Butantan

Além do baixo índice de diagnósticos, o Ministério da Saúde destaca que, atualmente, apenas 1% das pessoas afetadas recebe tratamento. “A doença é curável, mas só se houver tratamento adequado durante a fase aguda, que é o início da infecção, mesmo em casos de transmissão congênita”, alerta a diretora do Laboratório de Ciclo Celular do Butantan, Maria Carolina Sabbaga, que estuda a manutenção do DNA nuclear de tripanosomas.

A doença de Chagas é a principal endemia parasitária da América Latina e faz parte da lista de Doenças Tropicais Negligenciada da Organização Mundial da Saúde (OMS) porque afeta principalmente indivíduos em situação de vulnerabilidade social — sem acesso à água, alimentos ou saneamento básico de qualidade.

Transmissão

Também conhecida como tripanossomíase americana, a doença de Chagas é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que tem como hospedeiro insetos triatomíneos, os populares “barbeiros”, “procotós”, “bicudos” ou “chupões”. No Brasil, as espécies de barbeiro Triatoma infestans e Triatoma brasiliensis são as que representam risco epidemiológico. O parasita é expelido por meio das fezes ou urina do inseto e, no corpo humano, invade as células, se desenvolve e reproduz.

Segundo o estudo Perfil epidemiológico da doença de Chagas aguda no Brasil, veiculado na revista Research, Society and Development por pesquisadores do Centro Universitário CESMAC, Universidade Tiradentes e Universidade Federal de Alagoas, o método mais expressivo de contágio é por via oral. Ou seja, por meio do consumo de alimentos contaminados por parasitos Trypanosoma cruzi oriundos de barbeiros ou, diretamente, por fezes do inseto que contenham o protozoário.

Outra forma de transmissão é a vetorial. Os barbeiros são hematófagos – precisam se alimentar de sangue para sobreviver, por isso o contágio pode acontecer no momento em que um ser humano é picado por ele: o protozoário é expelido pelas fezes ou urina do inseto, junto ao ferimento; quando a pessoa coça o local, inadvertidamente insere o protozoário na sua própria corrente sanguínea.

“Na saliva do inseto há várias substâncias que geram irritação na pele e dão início à coceira, e o ato de coçar acaba fazendo com que as fezes sejam empurradas para a ferida e iniciem a infecção”, explica o biólogo Thiago Franco, pós-doutorando do Laboratório de Ciclo Celular.

Mulheres infectadas pelo Trypanosoma cruzi podem transmiti-lo aos seus bebês durante a gravidez ou o parto, configurando a transmissão vertical. Há também a possibilidade de contaminação via transplante de órgãos de doadores que possuam o parasita. Já na transmissão acidental, é possível se contaminar ao entrar em contato com feridas da pele ou mucosas infectadas durante manipulação laboratorial ou manejo de caça.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui