Cronograma de leitura, revisão de questões e até “entrevista” com Napoleão: alunos usam IA de forma criativa para ajudar nos estudos

LEGENDA: Maria Luiza (de cabelo preso) e Penélope, alunas do Colégio Santo Anjo, em Curitiba: inteligência artificial torna o estudo mais dinâmico. CRED: José Estevan.

Já imaginou tirar suas dúvidas sobre a Revolução Francesa com Napoleão Bonaparte na hora de estudar História? Foi o que a curitibana Maria Luiza Ramirez, estudante da oitava série, fez: criou uma “entrevista” com o estadista em uma ferramenta de inteligência artificial. “A IA pode deixar o estudo muito mais dinâmico e divertido. Pode ajudar muito nas questões, principalmente transformando nossa maneira de ver textos, como uma assistente ou até mesmo uma professora”, diz a estudante de 13 anos, aluna do Colégio Santo Anjo, uma das principais instituições de ensino do Paraná.

Os dados comprovam que o uso da inteligência artificial (IA) já não é mais uma tendência distante das salas de aula e, assim como no caso da Maria Luiza, é uma realidade cada vez mais presente entre os estudantes brasileiros. Segundo a 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada recentemente, sete em cada dez alunos do ensino médio que usam a internet recorrem a ferramentas de IA generativa, como ChatGPT e Gemini, para fazer pesquisas e auxiliar nos estudos.

Outra aluna, Penélope Corrêa Filipak, também de 13 anos, usa a IA como uma ferramenta de apoio personalizado. “A IA pode explicar conteúdos de formas diferentes. Existe um modo professor na ferramenta, que me explica a matéria e auxilia nos estudos”, diz. Além do aprendizado no dia a dia, Penélope faz um curso extracurricular de inteligência artificial e aprendeu, por exemplo, a criar assistentes personalizados e ferramentas de imagem, vídeo e áudio.

Orientação

O incentivo ao uso das novas tecnologias vem acompanhado de uma orientação cuidadosa por parte da escola. A assessora pedagógica do Colégio Santo Anjo, Heloisa Ferraro Severino, também é especialista em inteligência artificial e acredita que o papel da instituição é estimular o uso das ferramentas, mas também orientar para que aconteça de forma ética e correta. E alerta: a tecnologia não substitui o pensamento crítico.

“Se as ferramentas não forem bem utilizadas, elas não vão trazer resultados satisfatórios. E assim como uma pesquisa em sites de busca, podem trazer respostas erradas. É preciso verificar sempre”, sugere. “Nós orientamos os alunos para que usem de forma criteriosa e, principalmente, de uma maneira que aprendam com ela, não só colocando informações e copiando respostas.”

Segundo Heloísa, os professores também fazem uso de IA em suas rotinas. “Utilizamos em várias atividades de planejamento e preparação das aulas, como elaboração de questões, fichas de estudo, slides ou mapas mentais. Em alguns casos, é possível até usar como apoio na correção de redações.”

Exemplos para começar

Assessora pedagógica e especialista no tema, Heloisa Severino criou três prompts (como são chamados os comandos para as ferramentas) como sugestão para os alunos que querem começar a utilizar o ChatGPT ou Gemini, por exemplo, para ajudar nos estudos:

1. Prompt para treinar para provas (com feedback)

Atue como um professor de ensino médio. Faça 5 questões sobre [incluir o tema de interesse] no nível de ensino médio. Depois de eu responder, corrija, explique os erros e me diga quais pontos devo estudar mais.

2.  Para transformar conteúdo difícil em aprendizado ativo

Atue como um professor. Transforme o conteúdo sobre [incluir tema de interesse] em uma atividade de estudo ativo. Crie:

(1) perguntas para eu responder,

(2) um desafio prático,

(3) uma analogia criativa que facilite a compreensão.

3.  Prompt para criar um calendário de estudo

Crie um calendário de estudo personalizado para mim. Considere as seguintes informações:

• Matérias: [liste as disciplinas]

• Tempo disponível por dia: [ex.: 1h30 por dia]

• Dias da semana disponíveis: [ex.: segunda a sexta]

• Data da prova ou objetivo final: [ex.: Enem em novembro / prova dia 15]

• Dificuldade em cada matéria (baixa, média, alta): [ex.: matemática – alta]

• Preferências de estudo: [ex.: alternar matérias, incluir revisões, incluir pausas]

Monte o calendário em formato de tabela com:

  1. Conteúdo a estudar por dia
  2. Tempo sugerido para cada matéria
  3. Momentos de revisão e simulados
  4. Estratégias de estudo recomendadas
  5. Uma versão resumida e outra detalhada do cronograma

Ao final, inclua dicas de organização e constância nos estudos.

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