A sustentabilidade na Amazônia tem que alcançar sua dimensão social, econômica e cultural. A afirmação foi feita pelo ex-Ministro e redator do Código Florestal do Brasil, Aldo Rebello, durante o 11º Encontro Brasileiro das Nozes, Castanhas e Frutas Secas, promovido pela Associação Brasileira de Nozes e Frutas Secas (ABNC), no dia 11 de novembro, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Para o ex-ministro a preservação da floresta amazônica é encontrar uma forma sustentável de exploração econômica, que concilie a manutenção da floresta e o desenvolvimento humano local.
A preocupação com a sustentabilidade foi a tônica do evento. O diretor do Departamento de Agronegócio da Fiesp, Roberto Bettancourt destacou que “um setor organizado que tenha uma entidade global, ajuda muito. A padronização global, a defesa global ajuda o setor a crescer de forma sólida,”
Ele defende que o governo crie planos de financiamento diferenciados, já que se trata de uma cultura com ciclos de vida mais longos que as tradicionais. “Juntos podemos trabalhar isso, o potencial é enorme. Coloco a Fiesp à disposição para que o setor tenha uma meta ambiciosa e possa crescer em todos os biomas do Brasil.”
O presidente da ABNC, José Eduardo Camargo, falou sobre o trabalho da Associação e ressaltou que as nozes e castanhas são produtos sustentáveis que permitem o uso racional da floresta, são utilizadas como alimento, até de forma fitoterápica e a presença da cadeia produtiva das Nozes é de norte a sul do país.
Camargo destacou os desafios do setor e o trabalho que a ABNC vem desenvolvendo para buscar facilitar a participação do Brasil no mercado internacional. “Estamos trabalhando na mesa de negociações do Ministério da Agricultura, de forma que as nozes e castanhas sejam incluídas no planejamento oficial e não apenas as culturas mais tradicionais.”
Para ele é preciso um sistema de financiamento diferenciado, uma vez que a cultura de nozes e castanhas pode variar de 5 a 15 anos para uma árvore produzir. Associado a tudo isso ainda existem os efeitos climáticos, como enchentes e secas. “Uma cultura de longo prazo não tem como abandonar, não dá para flexibilizar, temos que pensar em um seguro adequado à nossa situação.”
Dentre os desafios para o setor elencou a necessidade de romper barreiras criadas contra as nozes brasileiras em mercados internacionais, como a Coreia, ter estatísticas precisas sobre o setor vindas do IBGE e ter o reconhecimento e remuneração por ser uma atividade que contribuí com créditos de carbono.
Representando a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAPESP), Erica Monteiro de Barros afirmou que a união dos produtores auxilia o desenvolvimento da cadeia produtiva e quando se fala em castanhas é impossível não pensar na macadâmia, uma vez que 50% da produção nacional está no estado.
A diretora de P&D do Grupo BIMBO, Renata Higashi, apresentou as tendências de consumo das nozes e castanhas, bem como analisou a mudança do comportamento do consumidor brasileiro.
Durante o evento ficou claro que categorias premium como queijos especiais (Cruzília), Chocolate bean to bar (Baianí Chocolates), Gelato (San Lorenzo) são exemplos que já estão agregando valor em seus produtos com as nozes e castanhas.
Outra participação de destaque foi do presidente do INC International Nuts Council and Dried Fruit, Michael Waring e sua equipe. Além de apresentarem o cenário das nozes e castanhas no mundo, destacou a importância do Brasil como mercado e potencial de expansão. Falou também como a geração Z pode ser um referencial de consumo, uma vez que ela vem transformando o mercado de alimentos com tendência para uma alimentação mais saudável e sustentável.
O INC também apresentou sua iniciativa para investir no diálogo com a Geração Z no Brasil, lançando no Spotify a música “Zé Nutinha”