Pela primeira vez desde o início da série histórica da Pesquisa Origem e Destino do Metrô, realizada desde 1967, houve uma queda no total de deslocamentos diários feitos pela população da cidade de São Paulo e da Região Metropolitana (RMSP). O resultado faz parte de um novo Informe Urbano da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), que apresenta uma análise preliminar dos dados da edição 2023 da pesquisa.
A Pesquisa OD, levantamento realizado pelo Metrô de São Paulo, investiga os padrões de mobilidade, meios de transporte utilizados, motivos e tempos de deslocamento diário da população. Tradicionalmente decenal (a cada dez anos), a pesquisa de 2023 foi antecipada devido aos profundos impactos da pandemia de Covid-19 na dinâmica urbana global.
Os dados são claros: o total de deslocamentos diários na Região Metropolitana diminuiu de 43,2 milhões em 2017 para 39,2 milhões em 2023, uma redução de 9,3%.
No município de São Paulo, essa queda foi ainda mais acentuada, passando de 29,8 milhões para 24 milhões de deslocamentos entre 2017 e 2023, o que representa um recuo de 19,3%.
A análise preliminar sugere que diversos fatores contribuíram para essa mudança de comportamento. Entre as razões apontadas, destacam-se o aumento do teletrabalho e do ensino à distância, a expansão do comércio eletrônico e dos serviços de entrega, mudanças demográficas como o envelhecimento populacional e a redução do tamanho das famílias, e até mesmo a crise econômica, que pode ter levado à redução do poder de compra e do consumo.
Deslocamentos por distritos
Dos 96 distritos paulistanos, apenas sete não registraram redução no número de viagens em 2023. Enquanto distritos historicamente movimentados como Sé e Santo Amaro viram suas viagens geradas despencarem em mais de 30% em comparação com 2017, o distrito de Anhanguera se destacou com um aumento de 30% no mesmo período, indicando novas dinâmicas de uso do território.
Grandes centros de atividades continuam a atrair um volume desproporcional de viagens. Distritos como Sé, Barra Funda, Bela Vista, Itaim Bibi, Consolação, Brás, Pinheiros, Pari, República, Santo Amaro e Jardim Paulista receberam, no mínimo, três vezes mais viagens do que o total de seus residentes.
A Sé, por exemplo, com apenas 23.832 moradores (Censo 2022/IBGE), atraiu 222.501 viagens em um único dia, significando que o número de pessoas que se deslocam para o distrito para trabalhar, estudar ou acessar serviços, comércio e lazer foi oito vezes maior que sua população residente. Itaim Bibi, Grajaú, Jabaquara e Jardim Ângela, ambos com grande concentração de serviços, e também locais de retorno à residência continuam entre os mais visitados, recebendo entre 400 mil e 500 mil deslocamentos diários.
Por outro lado, distritos mais afastados como Pedreira e Marsilac registraram um número de viagens próximo ao número total de seus moradores. Isso sugere que poucas pessoas se deslocam para esses distritos em razão de outras atividades para além do retorno à residência.
Mudanças na busca pelo modal de transporte
A Pesquisa OD 2023 também revela alterações significativas na escolha dos meios de transporte no município de São Paulo. Enquanto o transporte individual (carro, moto, a pé, bicicleta) respondeu por 36,9% dos deslocamentos e o transporte coletivo (ônibus, metrô, trem) por 31,7%, os deslocamentos feitos a pé registraram um aumento notável, passando de 28% em 2017 para 31% em 2023. A utilização da bicicleta também cresceu, de 1% para 2%.
Por outro lado, o transporte coletivo perdeu participação relativa. O Metrô/Trem reduziu sua fatia de 18% para 14% do total de deslocamentos, e os ônibus, de 26% para 18%. Carros e motos mantiveram sua participação estável, em cerca de 23% e 4%, respectivamente.
Sobre os Informes Urbanos
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