Cabo da PM preso é apontado como braço armado e logístico do CV em SP

O policial militar (PM) José Casemiro de Lima Júnior (foto em destaque), conhecido como “Bigode” ou “Bigodeira”, foi preso no início do mês, suspeito de supostamente atuar como membro ativo de uma milícia no interior paulista, que presta serviços à facção Comando Vermelho, do Rio de Janeiro.

As investigações da Polícia Civil de São Paulo, no âmbito da Operação Hitman, mostraram indícios robustos de que o cabo Casemiro não apenas mantinha laços pessoais, mas também operacionais, com Carlos Alexandre dos Santos, o Bicho – apontado como um dos líderes do grupo –, preso desde fevereiro e apontado como o “principal executor e articulador” da milícia composta por PMs e guardas civis paulistas.

A profundidade do envolvimento de Casemiro com o crime organizado é destacada na investigação, que segue em sigilo. Segundo ela, o cabo mantinha um vínculo estreito com Bicho, chegando a frequentar o condomínio do líder da milícia e, inclusive, prestando “apoio emocional” durante a prisão em flagrante do parceiro, permanecendo na delegacia especializada durante toda a formalização.

Carros dublês do PM

Um dos elementos centrais da investigação, obtida pela reportagem, é o uso recorrente por Casemiro de um Nissan Kicks dublê. A clonagem do carro foi comprovada por leituras simultâneas de placas em locais geograficamente incompatíveis – o carro verdadeiro estando em Recife (PE) e o usado pelo cabo em Paulínia, interior paulista.

O verdadeiro dono do veículo, residente em Pernambuco, confirmou que jamais esteve em São Paulo, além de relatar multas não reconhecidas em seu nome, reforçando a tese de clonagem. Adicionalmente, Casemiro tentou obstruir uma investigação de acidente de trânsito ao fornecer dados falsos do veículo que conduzia, divergindo da descrição da vítima.

A atuação de “Bigodeira” ia além do uso de veículos clonados, como pontua a investigação da Polícia Civil, a qual identificou sua participação na logística de crimes violentos, como a tentativa de homicídio contra uma mulher de 31 anos.

Minutos após o crime, o cabo Casemiro foi flagrado por uma câmera conduzindo um carro dublê, com o qual adentrou no condomínio onde Bicho tem um imóvel. Como mostra a investigação, a estratégia da milícia, após homicídios, era o abandono do veículo utilizado na ação e a fuga dos executores em outro automóvel, conduzido por um terceiro.

Ajudando traficante de drogas

As conversas extraídas do celular de Carlos Alexandre dos Santos revelaram que Casemiro recebia propina de um traficante conhecido como Machado dos Prédios.

Essa vantagem indevida era uma contrapartida pela omissão das funções do policial e um provável favorecimento às atividades ilícitas de Machado, o qual também pagava propina a outros membros da milícia, como Bicho. Tal prática, evidenciada na investigação, demonstra o suposto conluio entre agentes públicos e o braço do CV em São Paulo para assegurar a continuidade do tráfico de drogas, sem interferência policial.

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