A BR-319: Um “atolamento” eleitoral de promessa não cumprida na carreira de Eduardo Braga, duas vezes governador e atual senador pelo AM

A promessa de pavimentação da BR-319, que conecta Manaus ao restante do Brasil, transcende governos e se consolidou como a maior dívida histórica da política amazonense. Na trajetória de Eduardo Braga, que ocupou por duas vezes a cadeira de governador e diversos mandatos no Senado, a BR-319 tornou-se uma bandeira central, mas sua persistente inconclusão configura um dos pontos mais sensíveis e críticos de sua atuação pública. Afinal ele é apoiador declarado do governo Lula.

O ciclo vicioso da promessa
A crítica central reside na transformação da rodovia em um “ciclo eleitoral”, onde a promessa de reabertura ou pavimentação é resgatada a cada disputa, sem que se materialize a entrega.

A bandeira permanente: Como um dos líderes políticos mais influentes do Amazonas por décadas, Braga sempre foi um defensor vocal da BR-319, argumentando sua importância para o escoamento da Zona Franca de Manaus e a redução do “isolamento logístico” do estado.

A transferência de responsabilidade: Embora o problema da BR-319 seja complexo e envolva o impasse do licenciamento ambiental (notadamente no Trecho do Meio) e a atuação de diversos órgãos federais (DENIT, IBAMA, TCU), o uso constante da promessa por parte de Braga, sem o resultado final, expõe uma falha de coordenação política ou a limitação do seu poder de articulação em Brasília para superar as barreiras definitivas.

A realidade do trecho: Enquanto o discurso político sobre a integração persiste, a realidade da estrada são os atolamentos na época de chuvas e a poeira excessiva no verão, um símbolo da distância entre o que é prometido e o que é vivido pela população.

O entrave ambiental e o custo político
A defesa da BR-319 tem levado o senador Braga a atuar diretamente em questões ambientais, como a pressão por mudanças na Lei Geral do Licenciamento Ambiental para facilitar as obras. No entanto, essa postura tem atraído críticas de ambientalistas e parte da imprensa, que apontam o risco de a pavimentação atuar como um vetor de desmatamento e grilagem na Amazônia, especialmente no chamado “arco do desmatamento”.

A permanência da rodovia no limbo operacional serve como um lembrete amargo de que, apesar de toda a influência e anos de poder, o principal projeto de infraestrutura defendido pelo político continua inconcluso. A promessa não cumprida da BR-319 se torna, assim, um paradoxo político: uma pauta que deveria reforçar a imagem de liderança comprometida com o progresso, mas que, pela sua não concretização, sublinha as dificuldades e os limites da política em conciliar desenvolvimento e sustentabilidade na Amazônia.

Texto: Ronaldo Aleixo

Foto: Correio da Amazônia

Ronaldo Aleixo
É jornalista (DRT 96423/SP), filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e ao Sindicato dos Jornalistas de Roraima (Sinjoper). Possui formação como Tecnólogo em Marketing pela Uninter-AM e é pós-graduado em Jornalismo Digital, Jornalismo Investigativo, Docência do Ensino Superior, Gestão de Mídia Social e MBA em Ciência Política: Relação Institucional e Governamental, todas pela Uninter-PR. Finalista do Curso de MBA em Direito Digital pela PUC-RS. Graduando (4° período) em Direito pela UnioPet-PR.

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