Música e Medicina: Recital mostra a conexão entre música e a prática da medicina

Roberto Takaoka, médico dermatologista do Hospital das Clínicas

A prática musical ganha novos significados no recital marcado para 30 de novembro de 2024, no Conservatório Souza Lima, no Paraíso. O evento, idealizado por Roberto Takaoka, médico dermatologista do Hospital das Clínicas da FMUSP, reúne médicos que, além da dedicação à saúde, compartilham a paixão pelo piano, unindo técnica e sensibilidade em interpretações musicais. Em sua segunda edição, o recital conta com a participação especial da pianista Olga Kopylova, que orientou os médicos-pianistas em duas master classes preparatórias e que também se apresentará no evento. Entre os participantes está o cirurgião plástico e especialista em transplante capilar, Solon Eduardo, aluno de piano de Olga, que destaca: “Participar deste recital é uma oportunidade única de integrar minha paixão pela música com minha profissão. O piano me ensina a importância da precisão, sensibilidade e concentração, qualidades fundamentais tanto na cirurgia quanto na música”.

De acordo com Olga, a prática musical entre médicos, evidencia uma ligação ao aprimoramento de suas habilidades profissionais. “É fascinante ver médicos tocando piano; há uma conexão entre a medicina e a música. Os profissionais que estudam comigo merecem uma atenção especial”, afirma Kopylova. Com sua experiência, ela nota que a prática musical estimula tanto a coordenação motora quanto a capacidade cognitiva — aptidões cruciais, por exemplo, para médicos cirurgiões, que dependem de precisão e foco em cada procedimento.

Estudos reforçam essa ligação entre música e habilidades médicas. Uma publicação da Universidade de Oxford no European Journal of Cardio-Thoracic Surgery, sugere que profissionais com experiência em instrumentos musicais apresentam um desempenho superior em tarefas que exigem precisão e habilidades visuo-espaciais, como na cirurgia laparoscópica. De acordo com os pesquisadores, a prática musical favorece o desenvolvimento da neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de criar novas conexões –o que aprimora a destreza manual e o controle dos movimentos. Além das habilidades motoras, a música contribui para o bem-estar mental de médicos, reduzindo o estresse e aumentando a capacidade de concentração. “Para mim, a prática do piano tem sido um complemento significativo à minha atuação na medicina. Ao estudar música, aprimoro minha precisão e concentração, habilidades essenciais tanto no piano quanto no centro cirúrgico, além ajudar como ferramenta importante de relaxamento”, comenta Dr. Solon.

Para o Dr. Roberto Takaoka, idealizador do projeto, o recital tem incentivado os médicos a reservarem um tempo para a música em meio à rotina intensa da profissão. ‘Temos uma agenda muito cheia e algumas vezes fica difícil parar para se dedicar ao piano. Mas esse projeto está fazendo com que cada um se dedique um pouco mais. O fato de organizarmos o recital tem motivado todos a ensaiar, a tocar mais, preparando-se para se apresentar para outras pessoas’, comenta o dermatologista, ao destacar o compromisso que os participantes assumem em equilibrar a profissão com a prática musical.

Acostumado com a rotina de várias horas no centro cirúrgico, em um tipo de procedimento minucioso, que exige destreza e muita concentração, o Dr. Solon acredita que a prática musical, especialmente o estudo do piano, complementa e aprimora suas habilidades profissionais. A música exige uma coordenação fina, atenção aos detalhes e um controle preciso dos movimentos, características que se refletem diretamente no seu trabalho cirúrgico. “A precisão necessária para tocar piano é muito similar à que aplico durante os procedimentos. Cada movimento no piano, assim como cada incisão no centro cirúrgico, demanda concentração e uma atenção meticulosa aos detalhes”, afirma Dr. Solon. Ele vê a música como uma ferramenta que fortalece a destreza manual e contribui para a capacidade de manter o foco, algo essencial na realização de cirurgias complexas, como os transplantes capilares.

Estudos publicados por PlayPiano (plataforma educacional voltada para o ensino do piano, que também explora os benefícios da prática musical em várias profissões, incluindo a medicina) e MMDAMMONLINE (sites de discussão sobre medicina e saúde que abordam temas amplos, como as vantagens de atividades musicais para o desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas em médicos), mostram que a prática musical funciona como um recurso complementar ao autocontrole emocional e à memória, essenciais para quem vive em um ambiente de trabalho de alta pressão.

Olga acredita que o recital de 30 de novembro será uma oportunidade para o público testemunhar a união entre essas duas paixões – medicina e música – e perceber como o piano pode transformar a prática médica, beneficiando tanto os profissionais quanto seus pacientes. “O público terá a chance de ver algo especial: como a música revela a precisão e a dedicação que esses médicos trazem para suas profissões,” diz Olga. Para ela esse recital é uma experiência única, pois permite que as pessoas vejam a técnica e a sensibilidade que eles demonstram nos instrumentos – habilidades que, no dia a dia, são aplicadas aos cuidados com seus pacientes.

Recital: O Piano e a Medicina

Data: 30 de novembro de 2024

Horário: 19h

Local: Conservatório Souza Lima, Paraíso

Dr. Solon Eduardo com Olga Kopylova: “Participar deste recital é uma oportunidade única de integrar minha paixão pela música com minha profissão. O piano me ensina a importância da precisão, sensibilidade e concentração, qualidades fundamentais tanto na cirurgia quanto na música”.

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