Aos 30 anos, muitos homens estão no auge da carreira, da vitalidade e das conquistas pessoais. Mas apesar da estabilidade, o corpo começa a dar sinais de mudanças importantes. É nessa faixa etária que o homem se encontra em uma das fases mais cruciais da vida para começar ou intensificar a sua atenção com a saúde.
Segundo especialistas, é nesse momento da vida que se atinge o pico de diversas potencialidades, que vão do desempenho físico e muscular às capacidades cognitivas, vida afetiva e sexual. Mais do que uma gíria que celebra as “trinta voltas ao sol”, “trintar” deve marcar o início de um novo ciclo de autocuidado. Afinal, embora este seja o auge de performance para muitos homens, também é o início de um processo natural de declínio fisiológico.
A partir dos 30 anos, podem surgir perdas progressivas de massa muscular e óssea, redução na facilidade de emagrecer, queda capilar, diminuição da firmeza da pele, alterações no sono, no funcionamento intestinal, no desejo sexual e até na agilidade mental.
No entanto, é válido reforçar que, tais mudanças inevitáveis, não significam um ponto final, mas um chamado para que se aumente as ações inerentes a maior qualidade de vida.
O cuidado com a saúde masculina ainda é um desafio multifatorial, influenciado por fatores sociais, familiares culturais e psicológicos. A ideia de que o homem precisa ser sempre forte resistente à dor e que buscar ajuda médica ou praticar hábitos saudáveis não é “coisa de homem” continua presente no imaginário coletivo masculino – muitas vezes, retardando cuidados essenciais e aumentando riscos.
Dados do Ministério da Saúde reforçam essa necessidade. Entre 2000 e 2018, a expectativa de vida dos homens cresceu, mas ainda é 7,1 anos inferior à das mulheres. Doenças crônicas não-transmissíveis, como cardiovasculares e respiratórias, representam um risco até 50% maior para os homens.
O Vigitel 2020, pesquisa do Ministério da Saúde, também destaca fatores de risco que se agravam na população masculina: uso prejudicial de álcool, sedentarismo, dietas desequilibradas, hipertensão e obesidade são mais frequentes entre homens e associados a maior mortalidade.
Um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, revelou ainda outro dado preocupante: 70% dos homens que procuram atendimento médico o fazem motivados por esposa ou filhos. Mais da metade desses pacientes chega ao consultório com doenças já em estágio avançado.
Diante desse contexto, discutir a saúde do homem é urgente e focar na faixa etária dos 30 a 39 anos é ainda assertivo dentro da proposta. Trata-se de um período-chave para prevenir, transformar hábitos e promover um envelhecimento saudável.
Nesse cenário, surgem iniciativas como “A Matilha” que busca formar uma comunidade de homens entre 30 a 39 anos dispostos a cuidar do corpo e da mente. A proposta do movimento vai além da estética. Une filosofia estoica, treinamento físico e propósito de vida e busca de formar “guerreiros da vida real” que, ao cuidarem da saúde, descobrem também novas formas de encarar existência.
O ponto central é simples: atrair o homem pela transformação física e entregar um pacote muito mais completo que une saúde, consciência e propósito. A principal ideia é atrair eles pela mudança no corpo e na saúde, mas entregar muito mais que isso, entregar uma mudança de visão da vida e do próprio propósito.
A saúde dos homens com mais de 30 anos deve ser um foco principal na agenda da saúde masculina. Não é suficiente apenas discutir o assunto; é necessário agir. Quantas dicas lemos todos os dias que poderiam melhorar nossa qualidade de vida, mas acabam apenas sendo lidas? É o momento de converter informação em ação.
*Rairtoni Pereira dos Santos Silva é Personal Trainer há mais de 10 anos, ajudando pessoas a serem mais felizes com seus corpos. É autor do livro “5 Atitudes para criar o hábito de se exercitar todos os dias”.