
O empresário e cantor sertanejo Almir Mattias afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que pagou propina para os prefeitos Ademário da Silva Oliveira (PSDB), de Cubatão (SP), e Válter Suman (PSDB), de Guarujá, no litoral de São Paulo. O artista foi preso na última semana por suspeita de fraudar compras de respiradores para o tratamento de Covid-19 na cidade do litoral paulista.
Segundo a PF, Mattias é dono e controlador de entidades que se qualificam como Organizações Sociais (OS). A corporação acrescentou que elas firmavam contrato de gestão com as prefeituras para atuarem na administração da Saúde.
No depoimento à Polícia Federal, obtido pela TV Tribuna, emissora afiliada à Rede Globo, Mattias detalhou pedidos milionários de propina por parte das duas administrações municipais. Ele alegou ter sido diretor da Organização Social (OS) Revolução durante seis anos e firmado contratos públicos em cidades no interior de São Paulo.
Segundo o empresário, dois contratos foram firmados com a Prefeitura de Cubatão, um para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Casqueiro e outro para “atenção básica”. No depoimento, ele relatou que os acordos foram feitos na gestão da ex-prefeita Márcia Rosa (PT).
Os contratos, ainda segundo Mattias, permaneceram durante nove meses no período de posse de Ademário Oliveira. O empresário alegou que o atual prefeito teria pedido R$ 100 mil na época para campanha política e mais R$ 30 mil mensais até o final do acordo. O pagamento, segundo ele, era feito em dinheiro para “Cesar”, que seria o chefe de gabinete de Cubatão, Cesar Silva Nascimento, segundo o declarante.
À PF, o empresário relatou, ainda, que Ademário Oliveira chegou a oferecer a continuidade da gestão da UPA do Jardim Casqueiro pela quantia mensal de R$ 30 mil. Porém, para isso, ele deveria trocar de Organização Social.
A gestão foi passada para a OS Imegas, a qual o empresário nega participação. Mesmo assim, ele disse saber que a próxima a ser contratada será a OS Caminho de Damasco, que, ainda de acordo com o depoimento de Mattias, vai gerar vantagem ilícita para o atual prefeito por conta do contrato.
No depoimento, o empresário afirmou também que foi diretor comercial da OS Pró-Vida, responsável por administrar unidades de saúde de Guarujá (SP). Mattias confirmou à PF as denúncias de pagamento de propina que levaram o prefeito Válter Suman para a cadeia em setembro de 2021.
Segundo o declarante, inicialmente, o político teria pedido a ele R$ 1 milhão pela contratação. A ‘oferta’ teria sido negada por Mattias, e o contrato teria sido iniciado com o empresário pagando entre R$ 70 e R$ 80 mil mensais de propina para o prefeito.
Além disso, o empresário e cantor sertanejo revelou detalhes sobre um contrato emergencial firmado com a Pró-Vida para a colocação de tendas para o tratamento de Covid-19 ao lado da UPA Rodoviária. O acordo seria de aproximadamente R$ 1 e R$ 2 milhões, e que o prefeito teria pedido vantagem indevida de R$ 500 a R$ 700 mil mensais.
Mattias alegou não ter fechado esse acordo, mas revelou um pagamento de R$ 200 mil entregues nas mãos de “Fabrício”, que seria o chefe de gabinete de Guarujá, Fabricio Henrique Maia, também investigado em operação da PF.
Almir Mattias disse ter entregado mais de R$ 2 milhões em propina para Válter Suman, a esposa dele, Fabricio e o ex-secretário de educação, Marcelo Nicolau.