Os assaltantes que roubaram uma concessionária da Porsche na Avenida dos Bandeirantes, na zona oeste de São Paulo, no último domingo (20/4), conheciam a planta do local e a rotina dos seguranças. Um dos vigilantes do estabelecimento, feito refém durante a ação dos criminosos, ouviu de um dos suspeitos que o roubo era “fita dada”, e que a quadrilha sabe onde moram e como é o dia a dia dos funcionários da vigilância.
Assim que chegaram à concessionária, os criminosos pediram para ir ao subsolo onde ficam as câmeras de segurança e a sala de TI. Lá, eles cortaram alguns fios e desligaram o sistema de vigilância do estabelecimento. Só então começaram a subtrair os acessórios dos Porsches.
Entenda o crime
- J.H.C.P., segurança da concessionária, contou à polícia que estava retornando do horário do almoço quando foi abordado por dois homens em uma Fiorino branca. Os suspeitos renderam o jovem e entraram com ele no estabelecimento.
- Os criminosos pediram para ir ao subsolo onde ficam as câmeras de vigilância e a sala de TI. Um deles chegou a mostrar para J.H.C.P. fotografias dele e de outros seguranças, afirmando o roubo era “fita dada” e que sabiam onde moravam e como eram suas rotinas.
- O celular pessoal e o rádio comunicador do segurança foram subtraídos. Quando os suspeitos chegaram com ele até a sala de TI, tiraram o cadarço do jovem, amarraram seus pés e pediram que ele ficasse sentado com a cabeça baixa.
- Enquanto um ladrão cortava fios na sala para desligar o circuito de segurança, outro apontava uma arma para a cabeça da vítima.
- Os criminosos levaram o segurança para “dar uma volta” na Fiorino, e permaneceram por cerca de 20 minutos na frente do Supermercado Dia da Avenida Dr. Cardoso de Melo. Em seguida, retornaram à concessionária.
- Após aproximadamente cinco minutos, mais uma Fiorino chegou ao local, dessa vez com quatro homens. Todos começaram a abrir os Porsches e roubar acessórios como estepe, rodas, faróis e pisca-alerta.
- O segurança relatou à polícia que os suspeitos se organizavam com funções e tinham plástico bolha e sacos para colocar as peças roubadas.
- Todos os homens se chamavam de “primo” e usavam telefone para se comunicar. Eles também usavam luvas, máscaras, balaclava e bonés para dificultar um possível reconhecimento.
- J.H.C.P. conseguiu ver apenas um deles, que baixou a máscara rapidamente para respirar. Nesse momento, a vítima viu que o suspeito tinha um bigode fino preto e uma cicatriz abaixo do olho esquerdo, e é de cor parda.
- Outra Fiorino branca entrou com mais dois homens no estabelecimento. O outro veículo, carregado de acessórios, saiu do local.
- Uma hora depois, por volta das 16h, os ladrões subiram J.H.C.P. para o 1º andar e amarraram seus pés com fios e suas mãos com enforca-gato. Às 16h20, a quadrilha deixou a concessionária.
- A vítima foi deixada no chão de barriga para baixo, até outro segurança chegar ao local, por volta das 18h40 e libertá-lo. A Polícia Militar (PM) chegou ao estabelecimento às 19h15.
Advogado da concessionária se posiciona
Roberto Podval, o advogado que representa a concessionária, afirmou, em nota, que os seguranças são todos terceirizados e a empresa não tem contato. Sobre a investigação, ele afirma acreditar no trabalho da polícia paulista: “Certamente estamos em boas mãos e em breve teremos a solução”.
“O mais importante é a consciência de que esses crimes só acontecem porque há quem compre peças no mercado negro. Isso estimula a criminalidade”, completa o defensor.
O que diz a SSP
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o 96º DP, de Cidade Monções, área do fato, investiga o caso e busca identificar os envolvidos.
Conforme a pasta, as diligências estão em andamento para recuperar as peças roubadas e prender os criminosos. Também foram solicitados exames periciais ao Instituto de Criminalística (IC).
O caso foi registrado como roubo a estabelecimento comercial no 27º DP (Dr. Ignácio Francisco).